Já
escrevi sobre amor, esperança, desejo, frustrações, descaso, acaso e outros
arrebatamentos que encantam e desencantam o ser humano. Mas ainda não havia
escrito sobre o casamento, assim, escancaradamente. Acho que é porque quando
escrevo, sinto uma segurança gigantesca em relação ao tema escolhido e talvez
não tivesse sentido até então essa tal segurança. Coisa boa esse lance de
casar. Viver junto, compartilhar tudo – ou quase tudo. Muda até o modo de olhar
pra pessoa amada. Você aprende que aquele silêncio tem um significado, quase um
código que só você conhece. Sabe exatamente o que ele está pensando quando
aquela conhecida faz um comentário desajustado sobre um amigo em comum e
adivinha o que ele quer quando te olha daquele jeito, aparentemente inocente.
Coisas que só a convivência pode ensinar. E como é desconcertante quando ele
flagra seu pensamento através de palavras certeiras. Praticamente um vidente
amoroso – acerta tudo, assim, fácil, fácil. E você ainda tenta negar para
manter a autossuficiência. Que bobagem... Quer coisa melhor do que essa
intimidade boba?
Mas
o bom mesmo é quando os segredos passam a ser compartilhados, divididos, sonhos
construídos a dois, frustrações transformadas em coisas boas que podem ou não
sofrer mutações no futuro. Adormecer com as mãos entrelaçadas, não sair de
perto sem dizer “te amo”, manter o respeito e engolir o orgulho, tudo porque
vocês dois acreditam que é para a vida inteira e investem nisso dia após dia.
Isso é casamento. Dividir tudo. Se surpreender com a generosidade dele e com o
cuidado que tem com você e sua família, com a proteção que a faz sentir-se a
mais feliz de todas as mulheres. E o que é melhor – você corresponde.
Namorar é uma delícia. Casar
é maravilhoso. Com a pessoa certa, no tempo certo. Mesmo que outros tentem parecer
errado. Se for verdadeiro, vence, perdura, permanece. Eternos namorados.