Ontem, durante a aula de Fotojornalismo, assisti ao documentário feito por Marcos Prado* em 2004 intitulado "Estamira", que apesar de um pouco cansativo – pelas repetições da personagem – é extremamente interessante. Não é à toa que conquistou 23 prêmios, nacionais e internacionais. “Estamira” mostra a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais e trabalha há mais de vinte anos no aterro sanitário do Jardim Gramacho, lugar esquecido pela sociedade, onde se despejam diariamente toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro. A personagem central prende a atenção do telespectador com seu discurso eloquente, imbuído de filosofia na tentativa de parecer poético. Estamira provoca as pessoas e suas crenças mais profundas de modo agressivo e (in)coerente, confundindo várias vezes seus interlocutores. A podridão do lixo onde Estamira passa a vida se mescla com o passado obscuro e doentio onde mergulha frequentemente. O desequilíbrio mental sem dúvida alguma permeia o pensamento da personagem, mas em seus olhos apagados, é possível vislumbrar certas verdades ao se referir filosoficamente sobre a conduta e sentimento humanos. De resto, incongruência e blasfêmias sobre um poder que ela não compreende, talvez por isso não aceite. Deem uma olhada no trailer abaixo:
*Marcos Prado é fotógrafo e documentarista, diretor dos filmes Estamira, Os Carvoeiros e produtor de Ônibus 174. Como fotógrafo, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, entre eles o World Press Photo 92 e o Focus on Your World 92, da ONU. Escolhido, em 2002, como Hasselblad Master, Marcos possui fotos nos acervos permanentes do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), do Museu de Arte Assis Chateaubriand de São Paulo (MASP), e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).
Nunca havia visto nada parecido, fiquei curioso para assistir ao filme todo. Será que tem nas videolocadoras?
ResponderExcluirSérgio