De tudo o que escrevem por aí sobre o amor, não concordo apenas com uma coisa: ele não é fortuito.
Cansamos de ler crônicas e ver filmes onde casais se esbarram em filas de supermercados ou se entreolham em sinais de trânsito, sendo acometidos, de súbito, pela paixão. É o marketing do século: o amor inventado por roteiros de comercias e novelas. Dá um trabalhão manter a serenidade depois de ver algo assim! Mais complicado ainda é disciplinar a mente e processar que a realidade exige muito mais de nós, mulheres e homens em busca do ideal de amor. Mas o que é que buscamos mesmo? Arnaldo Jabor não soube responder à questão levantada por Roseli Sayão há 4 anos. “O que a mulher busca em um homem?” Seu modesto silêncio foi interpretado como sinal de sabedoria. Talvez seja isso. Devemos nos manter calados ante tais interpelações. Mas mulher é bicho inquieto e alguma coisa aqui dentro teima em repetir a pergunta, estendendo-a também ao sexo oposto – E o homem, o que busca em uma mulher? Não, pelo amor de Deus não respondam que procura apenas sexo, seria óbvio demais – por mais que o óbvio precisa ser dito - a natureza os fez muito mais exigentes do que uma rápida análise possa mostrar. Estudos antropológicos, psicológicos, de toda sorte e especificidades acabam por rotular sempre o homem como a figura do macho, criado e educado para cumprir suas funções de provedor e conquistador. Passam-se décadas e a mulherada inverte um pouco a situação, conquistando mais que um respeitável lugar no mercado de trabalho, chamando para si responsabilidades que outrora lhe eram inimagináveis. É. Os tempos mudaram. Mas e a essência humana... Mudou também ou apenas acompanhou as “estranhezas” do tempo? O que realmente queremos além de pagar nossas próprias contas e ser dona do próprio nariz? Que nariz, cara-pálida? A mulher moderna é dona de seu próprio (?) bumbum (mesmo que seja siliconado), de seus peitos – milimetricamente planejados e de suas expressões faciais, congeladas pelo milagre da ciência que retardou os efeitos do tempo... Quanta bobagem! Fico me perguntando até quando buscaremos a eterna fonte da juventude para manter o marketing do século – aquele, do início do texto, que trata da paixão e do amor prontos, que podem ser adquiridos na padaria da esquina ou na mesa de um bar, enquanto bebemos com amigos. Acreditar que nossas vidas possam ser mudadas da noite para o dia em virtude de outra pessoa, é atrasar o relógio da própria felicidade. Que tal aproveitar melhor seus momentos com as pessoas que estão aí, pertinho de você, enriquecendo seu cotidiano com suas presenças alegres e contagiantes? Dê um tempo para o amor. Com um pouco de sorte, ele pode chegar mais tarde ou quem sabe, simplesmente retornar com outra roupagem.
golaço
ResponderExcluiradorei esse texto
Soraia, mais a conheço, mais ainda me surpreendo. Você SABE das coisas. Benza Deus...
ResponderExcluirRodrigues
Obrigada, Anônimo.
ResponderExcluirRodrigues, sei de nada, apenas tento entender! Abração!