sexta-feira, 10 de junho de 2011

Aos que amam e aos que desistiram de amar

Dia 12 está chegando. Caiu a ficha? Dia dos Namorados à vista. Neste fim de semana veremos muitas pessoas às voltas com presentes, mimos e preparativos para impressionar ou surpreender no domingo. E quem não tem namorado? Finge que está tudo dentro da mais completa normalidade; assume um ar blasé e quando alguém pergunta se já comprou o presente para o namorado - pois é, entre as mulheres o desespero por estar solteira parece maior - repete a pergunta, como se não tivesse entendido: "Namorado? Quem? Eu? Nããão! Estou bem sozinhaa....!" Só rindo mesmo. Depois que dobra a esquina ou entra no carro, canta bem alto "All by myself", no melhor estilo Renée Zellweger em O Diário de Bridget Jones (aliás, uma dica para rir muito nesta semana apocalíptica e deliciosamente açucarada, é assistir a comédias como esta e tantas outras que nos fazem desviar o foco do sentimentalismo exacerbado pela data).
Os sites e revistas do país estão repletos de artigos e matérias que ensinam às mulheres como gostar de sua própria companhia, por que diabos então não aprendem? (Talvez porque a presença do outro seja fundamental para percebermos quanto somos frágeis e falíveis sem o tal do amor...)
Um lembrete: o dia 12 também vai passar. No dia 13 as coisas voltam ao normal. Casais discutem a cor da parede, o orçamento doméstico, o futuro da relação, educação dos filhos, a olhada de soslaio para a(o) gostosa(o) do lado, etc, etc, etc... Para os que estão apaixonados, sem dúvida terão um fim de semana para viver grandes emoções ao contrário dos que cultivam a dor da perda, do amor não correspondido ou da relação desgastada pelo tempo e circunstâncias. E dizem que viver sem paixão é mais seguro: pode até ser.
Mas viver uma vida inteira sem arriscar-se, me parece banal demais. E quem parece concordar comigo é a jornalista Rosana Braga, através do texto "Entre a dor e o nada, o que você escolhe?", que transcrevo abaixo.

Entre a dor e o nada, o que você escolhe? - por Rosana Braga

Não quero defender as relações falidas e que só fazem mal, nem estou sugerindo que as pessoas insistam em sentimentos que não são correspondidos, em relacionamentos que não são recíprocos, mas quero reafirmar a minha crença sobre o quanto considero válida a coragem de recomeçar, ainda que seja a mesma relação; a coragem de continuar acreditando, sobretudo porque a dor faz parte do amor, da vida, de qualquer processo de crescimento e evolução.
Pelas queixas que tenho ouvido, pelas atitudes que tenho visto, pela quantidade de pessoas depressivas que perambulam ocas pelo mundo, parece que temos escolhido muito mais vezes o nada do que a dor.
Quando você se perguntar Do que adianta amar, tentar, entregar-se, dar o melhor de mim, se depois vem a dor da separação, do abandono, da ingratidão?. Pense nisso: então você prefere a segurança fria e vazia das relações rasas? Então você prefere a vida sem intensidade, os passos sem a busca, os dias sem um desejo de amor? Você prefere o nada, simplesmente para não doer?
Não quero dizer que a dor seja fácil, mas pelo amor de Deus, que me venha a dor impagável do aprendizado que é viver. Que me venha a dor inevitável à qual as tentativas nos remetem. Que me venha logo, sempre e intensa, a dor do amor...
Prefiro o escuro da noite a nunca ter me extasiado com o brilho da Lua... Prefiro o frio da chuva a nunca ter sentido o cheiro de terra molhada... Prefiro o recolhimento cinza e solitário do inverno a nunca ter me sentido inebriada pela magia acolhedora do outono, encantada pela alegria colorida da primavera e seduzida pelo calor provocante do verão...
E nesta exata medida, prefiro a tristeza da partida a nunca ter me esparramado num abraço... Prefiro o amargo sabor do não a nunca ter tido coragem de sair da dúvida... Prefiro o eco ensurdecedor da saudade a nunca ter provado o impacto de um beijo forte e apaixonado... daqueles que recolocam todos os nossos hormônios no lugar! Prefiro a angústia do erro a nunca ter arriscado... Prefiro a decepção da ingratidão a nunca ter aberto meu coração... Prefiro o medo de não ter meu amor correspondido a nunca ter amado ensandecidamente. Prefiro a certeza desesperadora da morte a nunca ter tido a audácia de viver com toda a minha alma, com todo o meu coração, com tudo o que me for possível... Enfim, prefiro a dor, mil vezes a dor, do que o nada... Não há – de fato – algo mais terrível e verdadeiramente doloroso do que a negação de todas as possibilidades que antecedem o nada. E já que a dor é o preço que se paga pela chance espetacular de existir, desejo que você ouse, que você pare de se defender o tempo todo e ame, dê o seu melhor, faça tudo o que estiver ao seu alcance, e quando achar que não dá mais, que não pode mais, respire fundo e comece tudo outra vez... Porque você pode desistir de um caminho que não seja bom, mas nunca de caminhar... Pode desistir de uma maneira equivocada de agir, mas nunca de ser você mesmo... Pode desistir de um jeito falido de se relacionar, mas nunca de abrir seu coração... Portanto, que venha o silêncio visceral que deixa cicatrizes em meu peito depois das desilusões e dos desencontros... Mas que eu nunca, jamais deixe de acreditar que daqui a pouco, depois de refeita e ainda mais predisposta a acertar, vou viver de novo, vou doer de novo e sobretudo, vou amar mais uma vez... e não somente uma pessoa, mas tudo o que for digno de ser amado!

3 comentários:

  1. Texto gostoso, me fez repensar muitas coisas que vivi e que me dei conta que não precisava ter vivido. Estou sem namorada mas alguma coisa me diz que vou encontrar uma pessoa muito especial, em breve

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  2. Compartilhei em meu Facebook. Olha, foi um sucesso. Rs...

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  3. Amiga soraia.... hj posso te dizer que optei pelo nada... mesmo o texto sendo lindo... acho que é por estar cansada... quem sabe um dia possa mudar de ideia... ou nao! Bjos e boa semana

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