(Vou mais, vou além em minha saudade!)
Existe uma relação entre o cinza
e a ausência. Os otimistas que me perdoem, mas meu dia está cinza.
Hoje não quero saber do discurso
simplista e confortável sobre a morte, essa solidão desconhecida, herança que
ninguém quer. Hoje não quero ouvir que precisamos nos conformar com a dor da
perda ou que 'onde quer que aquela pessoa que amamos esteja, encontra-se em paz
e enviando-nos boas energias'. Não quero pensar - pela enésima vez - que aquele
tom de voz por vezes debochado, por outras autoritário - não será ouvido
novamente, nem que verei outra vez aqueles olhos castanhos marejados diante das
despedidas (e ouvir "eu te amo" em cada uma delas!)
Hoje não quero pensar que foi
melhor assim. Meu pai poderia viver 100 anos e ainda assim acharia pouco. Hoje
queria acordar com o dever de lhe entregar um presente, uma bobagem qualquer,
qualquer coisa! Queria um dia nosso, de abraços carinhosos e de falas bobas,
daquelas que a gente ria e depois mudava o rumo da conversa para assuntos mais
sérios. E ele tinha tantas coisas para contar, mas muitas vezes preferia o
silêncio.
Sempre achei que meu pai dava sentido à palavra solidão.
Hoje percebo que ele silenciava na hora certa. E quando falava, era a coerência em pessoa. Rude, porém de honestidade e caráter incontestáveis. E daí vem toda essa saudade.
Dia cinza. Falta alguém nesse domingo, porque nos demais dias, nem é bom lembrar.
Já disse que hoje não quero saber
de palavras que retoquem a ausência. Ela está aqui, forte, vibrante e me
fazendo entender como é difícil viver sem um pedaço da gente.
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