Soraia David M. Rosa da Silva
Foto/Fábio Conterno
As eleições se aproximam e vejo a expectativa aflorar no rosto das pessoas, de diferentes formas. Há aqueles que mostram uma certa luminosidade quando falam em futuro, em progresso, em confiança nos que irão eleger, e isso me dá alegria. A estes, a esperança em dias melhores se apresenta na forma do voto, na oportunidade de participar da consolidação democrática de seu espaço político-geográfico.
Outros espelham a frieza dos cálculos e dos acordos em suas faces, como se o pleito eleitoral fosse apenas um esquema para se manter no jogo político sustentado pelo erário e poder público. Meu desdém e desprezo por tais pessoas. Minha piedade também, já que sou provida desse sentimento. Friedrich Nietzsche, em ”A Vontade de Poder”, trata deste tema da seguinte maneira: “... A grandeza de caráter não consiste em não experimentar emoções; pelo contrário, estas são de se ter no mais alto grau; a questão é controlá-las e, ainda assim, havendo prazer em modelá-las, em função de algo mais”. Eis o ponto. O homem que se deixa corromper no exercício de suas funções públicas, na verdade não tem competência nem condições de controlar as emoções que advém de tal ocupação.
É um inepto, incapaz, e deveria envergonhar-se de sua condição humana no aspecto da estupidez. Há os que riem e se vangloriam de passar a perna nos milhões de pobres brasileiros que se iludem dia após dia com seu salário minguado, com o bolsa aqui e acolá que fermenta sua existência e os faz parecer mais miseráveis do que realmente são. Deboche equivocado. A miséria da alma e da mente se aloja verdadeiramente no homem público que não consegue direcionar suas emoções para a realização do “algo mais” citado por Nietzsche. São tão poderosos, mas tão poderosos, que só têm o poder. Nada mais.
O que irá acontecer no dia 7 de outubro ainda é uma incógnita. O que passará pela cabeça do eleitor que anda desempregado, descrente do futuro que lhe bate à porta? Por quais caminhos segue a mente do pequeno empresário, do agricultor e da professora que têm acompanhado a política pública de seu setor? E o jovem... O que deve pensar o jovem sobre o momento político que vivemos? As urnas responderão a estes questionamentos em breve. Traduzirão em números os anseios e exigências de uma sociedade que faz esperar, acreditar, insistir para crer novamente.
Que novos tempos venham. Que a expressão facial daqueles que esperam viver um município mais humano, digno, seguro e transparente, seja radiante. Nós, eleitores, estamos prontos para mais uma escolha democrática em que pesem nossa confiança e futuro nas mãos e coração de quem terá a oportunidade de controlar suas emoções e moldá-las, como sugeriu um dia Nietzsche, em nome de algo mais que poder.
Soraia David M. Rosa da Silva
Soraia, tua visão sobre os jogos políticos coaduna com a minha. Candidatos inaptos para exercer papel fundamental na construção da cidadania de nossos irmãos cascavelenses se aglomeram e desanimam até mesmo o mais otimista.
ResponderExcluirParabéns pelo texto coerente e que serve como reflexão para muitos.