ABANDONEI-ME AO VENTO
Abandonei-me ao vento. Quem sou, pode
explicar-te o vento que me invade.
E já perdi o nome ao som da morte,
ganhei um outro, livre, que me sabe
quando me levantar e o corpo solte
o seu despojo vão. Em toda a parte
o vento há de soprar, onde não cabe
a morte mais. A morte, a morte explode.
E os seus fragmentos caem na viração
e o que ela foi na pedra se consome.
Abandonei-me ao vento como um grão.
Sem a opressão dos ganhos, utensílio, abandonei-me.
E assim fiquei conciso, eterno.
Mas o amor guardou meu nome.
(Carlos Nejar)
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