Foto - Fábio Conterno
O dia do segundo turno das eleições se aproxima e vejo a expectativa aflorar no rosto das pessoas, de diferentes formas. Há aqueles que mostram uma certa luminosidade quando falam em futuro, em progresso, em confiança nos que irão eleger, e isso me dá alegria. A estes, a esperança em dias melhores se apresenta na forma do voto, na oportunidade de participar da consolidação democrática de seu espaço político-geográfico.
Outros espelham a frieza dos cálculos e dos acordos em suas faces, como se o pleito eleitoral fosse apenas um esquema para se manter no jogo político sustentado pelo erário e poder público. Meu desdém e desprezo por tais pessoas. Minha piedade também, já que sou provida desse sentimento. A estes, faltam o conhecimento, a consciência da insignificância de caráter e de suas capacidades como ser humano. Friedrich Nietzsche, em ”A Vontade de Poder”, trata deste tema da seguinte maneira: “... A grandeza de caráter não consiste em não experimentar emoções; pelo contrário, estas são de se ter no mais alto grau; a questão é controlá-las e, ainda assim, havendo prazer em modelá-las, em função de algo mais”. Eis o ponto. O homem que se deixa corromper no exercício de suas funções públicas, na verdade não tem competência nem condições de controlar as emoções que advém de tal ocupação.
É um inepto, incapaz, e deveria envergonhar-se de sua condição humana no aspecto da estupidez. Há os que riem e se vangloriam de passar a perna nos milhões de pobres brasileiros que se iludem dia após dia com seu salário minguado, com o bolsa aqui e acolá que fermenta sua existência e os faz parecer mais miseráveis do que realmente são. Deboche equivocado. A miséria da alma e da mente se aloja verdadeiramente no homem público que não consegue direcionar suas emoções para a realização do “algo mais” citado por Nietzsche. São tão poderosos, mas tão poderosos, que só têm o poder. Nada mais.
O que irá acontecer no dia 31 de outubro ainda é uma incógnita. O que passará pela cabeça do eleitor que anda desempregado, descrente do futuro que lhe bate à porta? Por quais caminhos segue a mente do pequeno empresário, do agricultor e da professora que têm acompanhado a política pública de seu setor? E o jovem... O que deve pensar o jovem sobre o momento político que vivemos? As urnas responderão a estes questionamentos em breve. Traduzirão em números os anseios e exigências de uma sociedade que faz esperar, acreditar, insistir para crer novamente.
Que novos tempos venham. Que a expressão facial daqueles que esperam viver um Brasil mais humano, digno, seguro e transparente, seja radiante. Nós, eleitores, estamos prontos para mais uma escolha democrática em que pesem nossa confiança e futuro nas mãos e coração de quem terá a oportunidade de controlar suas emoções e moldá-las, como sugeriu um dia Nietzsche, em nome de algo mais que poder...
“Assim se imaginou o castigo como inventado para castigar. Mas todos os fins, todas as utilidades são apenas indícios de que uma vontade de poder se assenhoreou de algo menos poderoso e lhe imprimiu o sentido de uma função (…) colocou-se em primeiro plano a “adaptação”, ou seja, uma atividade de segunda ordem, uma reatividade, chegou-se mesmo a definir a vida como uma adaptação interna às circunstâncias externas, mas com isso se desconhece a essência da vida, a sua Vontade de Poder; com isso não se percebe a primazia fundamental das forças espontâneas, agressivas, expansivas, criadoras de novas formas, interpretações e direções” NIETZSCHE
ResponderExcluirAtravés das leis, são valorados conceitos de liberdade, justiça e igualdade como bons e necessários a uma sociedade de paz. Mas, todos esses conceitos nascem da força do ressentimento, uma vez que a justiça é a sede de vingança, a igualdade não é o fim último dos homens, pois não comporta a vontade de poder, e a liberdade não é dada aos homens para agirem conforme sua natureza.
Eu já fui dos que acreditam em Papai Noel, fada madrinha, anjinhos com asinhas esvoaçando a nosso redor pra nos proteger de todo o mal etc.
ResponderExcluirHoje acredito na capacidade do ser humano de se vender, de negociar sua própria reputação na bacia das almas, de colocar sua pretensa honradez a serviço de Mamon.
Seja qual for o resultado que se obtiver com essa eleição que aí vem, estou convicto de que negociatas ocorreram e nós, eleitores, os trouxas, vamos bater palmas para os que nos negociaram como num mercado de carnes de uma esquina qualquer...
Rodrigues
ESTOU ME SENTINDO SUFOCADA, PERDIDA ENTRE DOIS CANDIDATOS RUINS. O QUE É PIOR... QUERIA MUITO AQUELA SENSAÇÃO EUFÓRICA DE QUEM VOTA CONVICTAMENTE, FELIZ E ESPERANÇOSA. NÃO É ESSE CASO NESSA ELEIÇÃO.
ResponderExcluirBem, Nietzsche, como sabemos, acredita que a desigualdade é natural e que a igualdade é uma figura que a organização política e social tenta impor aos homens. Tanto isso é real, que seu pensamento foi utilizado (à revelia) pelos nazistas, que tanto pregavam o racismo e a desigualdade. Já, para Rousseau, a igualdade é natural e a sociedade cria a desigualdade que surge com o advento do direito de propriedade. Isso é claro no Brasil dos dias atuais: os "proprietários" de um lado, bradando seu direito à superioridade; e a plebe, do outro, defendo o direito à sobrevivência.No caso desta eleição, é tolice afirmar que "não temos opção". As opções são claras e elas foram criadas por nós, brasileiros, o problema é que poucas pessoas se dispõem a fazer uma análise da situação que passe a largo das concepções midiáticas(sabemos que no Brasil não temos imprensa livre, já que esta é dominada por quatro famílias, que defendem seus interesse com unhas e dentes)ou religiosas.A comentarista da postagem acima diz se sentir sufocada, como o faz a maioria das pessoas que nega a assumir a responsabilidade pelo todo existente.A sociedade é produto do homem e tudo o que ocorre é de nossa responsabilidade (e aqui me lembro de Sarte,"o homem é condenado a ser livre"). Então, no momento político atual, o que temos em jogo são dois valores: a igualdade e a liberdade. Dois valores importantes, que devem ser conjugados mas sempre com a prevalência maior de um deles.Assim, pensemos, o que é mais importante para nós? Medidas governamentais que primem pela igualdade (em outras palavras, pela diminuição da desigualdade social)? Ou medidas que priorizem a liberdade (direito de propriedade e liberdade de imprensa)?Como "rousseauísta de carteirinha", é óbvio que, para mim, o bem maior a ser preservado é a igualdade. Por isso opto pela candidata que representa a continuidade do governo que mais tomou medidas para a diminuição da desigualdade social.O homem natural, do campo, com certeza é muito mais sábio que qualquer um de nós, aqui presos em grandes universidades, em empresas, escritórios, nos grandes centros urbanos. Como dizia Rousseau, o homem do campo ainda não "degenerou-se".Com a queda do muro de Berlim, os conceitos de direita e esquerda se aclararam. Fica claro o foco da esquerda na diminuição da desigualdade social e o foco da direita na preservação da sua "liberdade de ser proprietário". Por tudo isso, minha candidata é Dilma Roussef. E que a sabedoria do homem natural (aqui representado pelo nordeste) prevaleça!Com todo respeito, é claro, às opiniões divergentes...
ResponderExcluirChiste, repassando:
ResponderExcluirNossos “representantes” são quengas(*) disfarçadas de homens públicos. Oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo.
A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública obstinada em se manter no poder e não em perseverar nas boas causas do social
NOTA (*) Quengas no sentido pejorativo da palavra, porque até para ser quenga tem que ter classe. Bobo de quem imagina que, em alguma nação do mundo, se encontrou a fórmula da honestidade e da honradez para os governantes.