quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Vale a pena ler de novo - A obra do presidente do Senado - Por Millôr

O senador peemedebista José Sarney é novamente o presidente do Senado Federal e nem por isso vamos deixar de relembrar aqui, a análise feita por Millôr Fernandes - em 1988 - sobre a obra do escritor-parlamentar-pretenso Rui Barbosa maranhense, que passa a presidir a importante casa legislativa pelos próximos dois anos. Atentem. (Para o mandato e para o teor de seu "livro"...)

CRÍTICA DA RAZÃO IMPURA OU O PRIMADO DA IGNORÂNCIA (Millôr Fernandes, L&PM Editores, 2002, 70p.) CONSIDERAÇÕES DE MILLÔR FERNANDES ACERCA DO LIVRO BREJAL DOS GUAJAS, DE JOSÉ SARNEY (Leia a crítica completa AQUI): Em 1988, José Ribamar Sarney, acreditando ser escritor, publicou um livro (?) intitulado “Brejal dos Guajas”. Nesse livro Sir Ney atingiria a oligofrenia literária, o bestialógico em estado puro. * * * Não se pode confiar o destino de um povo a um homem que escreve uma coisa dessas. Não tendo no cérebro sequer dois bits mínimos, como exigir desse homem um programa de governo coerente pelo menos 24 horas? * * * Em qualquer país civilizado, “Brejal dos Guajas” seria motivo para impeachment. * * * Sir Ney deve ter lido umas 20 páginas de Jorge Amado e uma cinco de Guimarães Rosa (“nossa, que linguagem difícil!”) e isso lhe causou uma indigestão na cabeça. Incapaz de juntar sujeito e predicado em português básico, perdeu-se na aventura da linguagem e até hoje não encontrou a saída. * * * Perto da estrutura dos personagens do “Brejal dos Guajas”, os personagens da Praça da Alegria são obras -primas de criação psicológica. * * * “Brejal dos Guajas” só pode ser considerado um livro porque, na definição da Unesco, livro “é uma publicação impressa não-periódica com um mínimo de 49 páginas”. O “Brejal” tem 50. Contam os íntimos que o “escritor”, depois de vinte anos de esforço, bateu o ponto-final na página 50 e gritou aliviado: “Maiê, acabei!”. * * * “Brejal” é o livro de um autista. No livro, a cidade, que não tem escola, tem professora e alunos; não tendo telégrafo, transmite telegramas; não possuindo edifícios públicos, tem prefeitura, câmara de vereadores, dois cartórios e ostenta uma força policial de pelo menos 12 homens. * * * De Sarney pode-se afirmar duas coisas: trata -se de um gênio que só vai ser compreendido daqui a séculos, ou estamos diante da mais espantosa incapacidade de expressão da literatura universal. * * * Sir Ney é um gênio: só um gênio conseguiria fazer um livro errado da primeira à última frase. * * * “Brejal dos Guajas”: catedral do avesso do pensamento humano. * * * Segundo o livro, a cidade não tinha telégrafo, mas se lê na página 11: “não era duas nem três vezes que o coronel telegrafara...” * * * Também segundo o livro, a cidade não possuía calçadas, mas se lê na página 26: “Mário, depois de cortar o rabo da jumenta, atirou na calçada a encomenda.” * * * O “Brejal” é o único livro que conheço errado da primeira à última linha. * * * Lê-se na página 22: “A notícia correu célere. De ponta a ponta, de lado a lado.” Ora, se as duas únicas ruas da cidade tinham no máximo 300m, bastava dar um grito. * * * Lê-se no livro: “- Quantos eleitores tem o Brejal? - 2.053 – ambos responderam.” Vejamos: a) segundo o autor, a cidade tinha umas quarenta casas; b) também segundo o autor, a cidade possuía 87% de analfabetos (que, à época em que se passa a história – década de 60 –, não podiam votar, segundo a lei eleitoral). Logo a população alfabetizada do “Brejal” correspondia a 13% do total de habitantes; c) segundo o senso da época, a média de pessoas abaixo de 18 anos (que também não podiam votar), no Brasil, era de 50%. Logo, esses 2.053 eleitores representavam 6,5% da população do “Brejal”; d) sendo assim, pelas contas acima, o “Brejal” deveria ter 31.584 habitantes! Como o autor disse que a cidade possuía umas quarenta casas, dá uma média de 105 pessoas por casa! * * * Final da história: E FORAM TODOS FELIZES PARA SEMPRE: ZÉ PAI (SARNEY), ZÉ FILHO (ZEQUINHA), ZÉ FILHA (ROSEANA), ZÉ GENRO (MURAD) e outros Zés menos votados. * * *

2 comentários:

  1. Millôr, Soraia, é das pessoas que não precisam de interlocutores. Ele fala até por nós. Não por falta de inteligência de nossa parte. Mas por saber ele que pode falar conosco e por nós...

    Zé do Coco

    ResponderExcluir
  2. hehehehehe
    quero ler "Brejal doa Guajas", Millôr devia ganhar % do Sir em cima do cada livro que vende, pois ele me deixou curiosa heheheheh
    vou ler quando estiver depre, devo dar muita risada hehehehehe
    já estou rindo sem ler...

    ResponderExcluir

Obrigada por sua participação em meu blog!