Dez mil rubis
mil pedras turmalinas
cem mil cometas
um milhão de sóis
dez mil Joões
mil vidas Severinas
cem mil poetas, todos eles sós
em procissões, natais e serpentinas
dez mil mãos postas
mães, irmãos, avós
a esperança é profissão e sina
ensina laços a fingir de nós
são cem cavalos, dez luzes na crina
são luas, muitas luas e faróis
são mil perdões, que aos bons não se incrimina
cem mil poetas, todos eles sós
televisões em cada casa e em cima
parece um bicho a antena
e cada voz parece voz que nunca desafina
na serenata para o seu algoz
milhões de versos, cem milhões de rimas
no mesmo mar são dez milhões anzóis
pescando alma em dós, bordões e primas
cem mil poetas, todos eles sós
(Oswaldo Montenegro - Letras Brasileiras)
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