Às vezes olho de soslaio para o passado e sinto certo saudosismo de algumas passagens de minha vida. Outras vezes, o presente parece mais encantador. Noutras, observo o futuro com olhos brilhantes, rosto corado e expectativa de adolescente. Isso é vida! Mas bom mesmo é conservar dentro de mim aquele lugarzinho mágico onde nada podia me atingir e o máximo de preocupação que tinha, limitava-se ao emprego da palavra "não". Busco na memória frequentemente imagens, sons, aromas e sensações da infância para manter-me otimista em relação à vida. Funciona, garanto. Há outro período em nossa existência onde o otimismo finca morada, senão quando somos crianças? Penso que não. Por isso, vez ou outra dou uma espiada na menina levada e ágil do passado para seguir em frente. Mário Quintana passeia poeticamente sobre o assunto: "Fica sempre um fantasma nosso, de diferentes idades, nas diversas casas que habitamos, cada qual mais relutante em dissolver-se no tempo". E quem de nós não dá um espiada na infância distante para fortalecer-se no presente? Falemos do lugar mágico que se chama infância e do poder que esse lugar exerce sobre nós em situações diversas do presente. E ninguém melhor do que Oswaldo Montenegro para ilustrar o que tento dizer ao recorrer ao poder da imaginação infantil que nós, adultos, conservamos em algum lugar dentro de nós. De vez em quando, pense em coisas lindas...
Um grande amigo meu fazia aniversário no dia da Criança, por coincidência dia também da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.
ResponderExcluirFoi nessa data que o papa João Paulo II esteve no Brasil e corria entre nós, amigos comuns do Adolfo (este era o nome dele), a piadinha de que chegando ao Brasil o Papa disse ao presidente Figueiredo que era pensamento de todos os fiéis brasileiros que o dia da Padroeira devia cair em 12 de outubro, mesmo dia da descoberta da América E, mais complicado ainda, era aniversário do nosso amigo Adolfo. O papa estava preocupado com a coincidência e perguntou ao presidente Figueiredo como se poderia contornar o impasse. O presidente disse ao Papa que não se perturbasse por isso, que ele próprio iria conversar com o Adolfo. Como bom brasileiro, Adolfo prontamente cedeu a data do seu aniversário para comemorações em homenagem á Padroeira. E assim ficou.
Adolfo era boa praça, deixou saudades entre seus (inúmeros) amigos e até hoje comemoramos seu aniversário, certos de que Nossa Senhora Aparecida, apesar de ele ser judeu, nunca se sentiria diminuída e até daria uma palinha lá pro Filho dela, pedindo que abençoasse o nosso amigo Adolfo, uma verdadeira criança de coração, tão criança que era até médico pediatra, um dos melhores com quem as crianças do Paraná tiveram a honra de poder contar. Inclusive o meu filho...
Grande figura e grande criança o amigo Adolfo, que Deus o conserve em sua glória...
Rodrigus