segunda-feira, 25 de junho de 2012

Família do interior de Toledo pede ajuda para Luciano Huck

Pessoal, o vídeo abaixo foi enviado por uma colega radialista de Quatro Pontes, PR. Emocionados com a situação em que vive o seu “Batistela” morador de uma vila do interior de Toledo, um grupo de amigos  revolveu fazer um vídeo e enviar para a produção do Programa Caldeirão do Huck, especificamente para o quadro Lar Doce Lar, mostrando a casa dele e suas condições de vida. A tentativa é divulgar o vídeo e fazer com que a família seja contemplada com o quadro.

Assista às imagens e se você também se emocionar, compartilhe em seu twitter ou facebook. Aguente firme, seu Zé! Super abraço!


                        

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Comad de Cascavel prepara caminhada no Dia Internacional de Combate às Drogas

   

    Bom dia! Quero registrar meu apoio e pedir aos amigos da blogosfera que ajudem a divulgar a Caminhada pela Vida, organizada pelo Comad - Cascavel (Conselho Municipal Antidrogas), presidido pelo amigo Eugênio Rozetti Filho, o Geninho.

    A caminhada será no dia 26 de junho, terça-feira (Dia Internacional de Combate às Drogas), às 14 horas, com saída em frente a Prefeitura Municipal de Cascavel, até a Catedral Nossa Senhora Aparecida. Lembrando que esta luta incansável, desleal e que precisa ser reestruturada o quanto antes, é de todos!


terça-feira, 19 de junho de 2012

Bom dia!!

Bom dia, amados!! Hoje acordei assim, romântica dos pés aos fios de cabelo! (Por que será?) rs...

Que todos tenham um dia musicalmente lindo, apesar da manhã cinzenta, dos dissabores, das frustrações, dos medos e das fragilidades. Acreditem, isso tudo passa. O que fica, é a sua vontade incansável de ser feliz. Carpe diem!
 

                 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Música de hoje - Anjo

Daniela Mercury e Saulo Fernandes - música super especial!

                        

Derramando poesia



A boniteza do poema está ali

 à minha frente

querendo inundar meus olhos com sua luz

intensa

Mas a única coisa que consigo escrever é que

lamento pelos amores do passado.


Soraia David

domingo, 17 de junho de 2012

O Brasil ficou pequeno II

                   

Acordei com a sensação de que o país encolheu, reduziu-se surpreendente e paulatinamente. Tal fato pode ter ocorrido na calada da noite, de madrugada ou nas tardes e manhãs de negociatas e engodos, onde os olhos do cidadão estavam voltados para seu ganha-pão, para a conquista de sua segurança (aquela que nunca veio) ou na disputa de um leito num hospital público. O que int...eressa é que a coisa aconteceu. O Brasil diminuiu. Aliás, diminuiu tanto que os larápios de plantão sofisticaram seu modus operandi, num claro sinal que as vítimas estão mais atentas. Ou a concorrência aumentou, vai saber.

E atenção: um novo golpe na praça! A exemplo da maioria, esta nova modalidade também faz jus à famosa “lei de Gérson”. O golpe consiste em corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, contrabando, formação de quadrilha, violação de sigilo profissional, contravenção penal de exploração de jogo de azar – sem falar nas “ligações perigosas” (ó, até título de filme hollywoodiano tem) com políticos! Mas o golpe (antigo) foi descoberto e agora está sob investigação! Não falei? Golpe baixo! Na investigação, tem outra lei que impera – pasmem – sob a égide da própria constituição: a lei do silêncio. Nem esperam a gente dormir e nos passam a perna em plena luz do dia!

E isso me lembra o caso do mineiro que foi preso por furtar duas galinhas em Varginha, MG, que ao ser algemado, me sai com essa dirigindo-se ao delegado: “desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos?". Responde-se o que nessa hora? O juiz substituto que concedeu liberdade provisória ao criminoso galináceo transcreveu em sua decisão, versos que em sua derradeira estrofe claramente diziam que se o larápio de galinhas não tomasse rumo na vida, deveria mudar-se para Brasília! Não falei que o Brasil ficou pequeno? É pra disparar agora o alarme de incêndio no país ou vamos esperar o próximo golpe?

Quero é esperar pelo aniversário de Cascavel! Até lá as eleições já terminaram e tudo volta ao (a)normal! Bolo nelas – as eleições! O povo quer comer! Só não vale ser galinha furtada, pois uma sentença lavrada em versos como essa, só acontece uma vez!

 

Desta forma é que concedo
A esse homem da simplória
Com base no CPP
Liberdade provisória
Para que volte para casa
E passe a viver na glória.

Se virar homem honesto
E sair dessa sua trilha
Permaneça em Cachoeira
Ao lado de sua família
Devendo, se ao contrário,
Mudar-se para Brasília!!!”.


Eu avisei que o Brasil ficou pequeno.



Soraia David














The Last Goodbye - House

Gente, nesse fim de semana hibernamos aqui em casa, confinados, praticamente! Que delícia! Há tempo não fazíamos isso! Aproveitamos a "Maratona House", na UC, para matar a saudade que já está batendo de Hugh Laurie e sua equipe, assistindo a quase TODOS os episódios reprisados no canal. Abaixo, a música lindíssima (bem deprê, no melhor estilo despedida) do teaser do último episódio da série que mais gosto e que já foi ao ar nos EUA, mês passado. The Kills, "The Last Goodbye"! Amazing, House!!


                    

terça-feira, 12 de junho de 2012

(Re)leitura - Aos que amam e aos que desistiram de amar

     



      Dia 12 chegou. Caiu a ficha? Dia dos Namorados à vista. No dia de hoje veremos muitas pessoas às voltas com presentes, mimos e preparativos para impressionar ou surpreender o ser amado. E quem não tem namorado? Finge que está tudo dentro da mais completa normalidade; assume um ar blasé e quando alguém pergunta se já comprou o presente para o namorado - pois é, entre as mulheres o desespero por estar solteira parece maior - repete a pergunta, como se não tivesse entendido: "Namorado? Quem? Eu? Nããão! Estou bem sozinhaa....!" Só rindo mesmo. Depois que dobra a esquina ou entra no carro, canta bem alto "All by myself", no melhor estilo Renée Zellweger em O Diário de Bridget Jones (aliás, uma dica para rir muito nesta semana apocalíptica e deliciosamente açucarada, é assistir a comédias como esta e tantas outras que nos fazem desviar o foco do sentimentalismo exacerbado pela data).

      Os sites e revistas do país estão repletos de artigos e matérias que ensinam às mulheres como gostar de sua própria companhia, por que diabos então não aprendem? (Talvez porque a presença do outro seja fundamental para percebermos quanto somos frágeis e falíveis sem o tal do amor...)

      Um lembrete: o dia 12 também vai passar. No dia 13 as coisas voltam ao normal. Casais discutem a cor da parede, o orçamento doméstico, o futuro da relação, educação dos filhos, a olhada de soslaio para a(o) gostosa(o) do lado, etc, etc, etc... Para os que SÃO apaixonados, sem dúvida não terão apenas esta terça-feira, mas incontáveis dias para viver grandes emoções ao contrário dos que cultivam a dor da perda, do amor não correspondido ou da relação desgastada pelo tempo e circunstâncias. E dizem que viver sem paixão é mais seguro: pode até ser.

      Mas viver uma vida inteira sem arriscar-se, me parece banal demais. E quem parece concordar comigo é a jornalista Rosana Braga, através do texto "Entre a dor e o nada, o que você escolhe?", que transcrevo abaixo.
     
      A todos os casais enamorados, um dia feliz e especial! O amor precisa ser compartilhado nos momentos bons e ruins, pois a vida testa os fortes. Felizes os que conseguem manter o equilíbrio e a dignidade de um relacionamento pautado no amor, respeito e cumplicidade. Feliz Dia dos Namorados!



Entre a dor e o nada, o que você escolhe? - por Rosana Braga

 
      "Não quero defender as relações falidas e que só fazem mal, nem estou sugerindo que as pessoas insistam em sentimentos que não são correspondidos, em relacionamentos que não são recíprocos, mas quero reafirmar a minha crença sobre o quanto considero válida a coragem de recomeçar, ainda que seja a mesma relação; a coragem de continuar acreditando, sobretudo porque a dor faz parte do amor, da vida, de qualquer processo de crescimento e evolução.

      Pelas queixas que tenho ouvido, pelas atitudes que tenho visto, pela quantidade de pessoas depressivas que perambulam ocas pelo mundo, parece que temos escolhido muito mais vezes o nada do que a dor.

      Quando você se perguntar Do que adianta amar, tentar, entregar-se, dar o melhor de mim, se depois vem a dor da separação, do abandono, da ingratidão?. Pense nisso: então você prefere a segurança fria e vazia das relações rasas? Então você prefere a vida sem intensidade, os passos sem a busca, os dias sem um desejo de amor? Você prefere o nada, simplesmente para não doer?

      Não quero dizer que a dor seja fácil, mas pelo amor de Deus, que me venha a dor impagável do aprendizado que é viver. Que me venha a dor inevitável à qual as tentativas nos remetem. Que me venha logo, sempre e intensa, a dor do amor...

      Prefiro o escuro da noite a nunca ter me extasiado com o brilho da Lua... Prefiro o frio da chuva a nunca ter sentido o cheiro de terra molhada... Prefiro o recolhimento cinza e solitário do inverno a nunca ter me sentido inebriada pela magia acolhedora do outono, encantada pela alegria colorida da primavera e seduzida pelo calor provocante do verão...

      E nesta exata medida, prefiro a tristeza da partida a nunca ter me esparramado num abraço... Prefiro o amargo sabor do não a nunca ter tido coragem de sair da dúvida... Prefiro o eco ensurdecedor da saudade a nunca ter provado o impacto de um beijo forte e apaixonado... daqueles que recolocam todos os nossos hormônios no lugar! Prefiro a angústia do erro a nunca ter arriscado... Prefiro a decepção da ingratidão a nunca ter aberto meu coração... Prefiro o medo de não ter meu amor correspondido a nunca ter amado ensandecidamente. Prefiro a certeza desesperadora da morte a nunca ter tido a audácia de viver com toda a minha alma, com todo o meu coração, com tudo o que me for possível... Enfim, prefiro a dor, mil vezes a dor, do que o nada... Não há – de fato – algo mais terrível e verdadeiramente doloroso do que a negação de todas as possibilidades que antecedem o nada. E já que a dor é o preço que se paga pela chance espetacular de existir, desejo que você ouse, que você pare de se defender o tempo todo e ame, dê o seu melhor, faça tudo o que estiver ao seu alcance, e quando achar que não dá mais, que não pode mais, respire fundo e comece tudo outra vez... Porque você pode desistir de um caminho que não seja bom, mas nunca de caminhar... Pode desistir de uma maneira equivocada de agir, mas nunca de ser você mesmo... Pode desistir de um jeito falido de se relacionar, mas nunca de abrir seu coração...
 
      Portanto, que venha o silêncio visceral que deixa cicatrizes em meu peito depois das desilusões e dos desencontros... Mas que eu nunca, jamais deixe de acreditar que daqui a pouco, depois de refeita e ainda mais predisposta a acertar, vou viver de novo, vou doer de novo e sobretudo, vou amar mais uma vez... e não somente uma pessoa, mas tudo o que for digno de ser amado!"

terça-feira, 5 de junho de 2012

Lixo, futuro e educação - Salve o 5 de junho!

       

Imagem - Reprodução


        Somos mesmo uma civilização imediatista. Inclusive na hora de comemorar datas como a de hoje, 5 de junho, dia mundial do meio ambiente. É só digitar estas cinco palavrinhas no Google que centenas de links ficarão disponíveis com assuntos relacionados ao tema. Claro, porque hoje é 5 de junho. Aí vem toda aquela falação – discurso mesmo – sobre preservação das matas, limpeza e manutenção das nascentes, uso correto (se é que existe) de agrotóxicos, separação e coleta ecologicamente corretas do lixo, enfim... Tudo o que se pode imaginar sobre como manter, ou na melhor das hipóteses, tentar manter o planeta menos poluído, evitando assim, uma provável extinção de qualquer espécie de vida futura.

        Esse casuísmo é que me irrita. Não tínhamos que ter esse cuidado ou preocupação porque corremos riscos ou pelo motivo óbvio de que atitudes desenfreadas ocasionadas pela ambição desmedida ou educação relapsa desencadeiam reações catastróficas na natureza e sim porque É O CERTO. Mas esperar que as pessoas tenham a exata consciência de como agir com o destino do próprio lixo que produzem ou com os recursos naturais que possibilitam sua existência, é pedir demais. Uma civilização que não dá conta sequer de manter o respeito e o pacifismo entre seus pares, vai lá respeitar ou cuidar do que não compreende? É pedir demais, sim.

       Assistimos, diariamente, gente tratando bicho como se fosse pano velho, objeto inanimado, sei lá! Até gente tratando gente como pano velho!! Ah, vou esperar que se preocupem com o lixo da casa! Com o córrego que passa logo ali, pertinho de onde moram ou com a sujeira do próprio quintal?! Imaginem, então, os valorosos universitários e afins que deixam a frente e as vias de acesso das faculdades em estado de calamidade pública, com a quantidade de papéis, latas, garrafas e outros objetos jogados após ficarem bebendo e ouvindo som alto durante a noite, notadamente nos finais de semana. É lixo que não acaba mais, num ciclo contínuo – lixo produzindo lixo.

        Então é assim – continuamos imediatistas até sabe lá Deus quando. Vamos ver se hoje algum político(a) vai defender a bandeira da ecologia (afinal, outubro tá aí) ou se algum(a) defensor(a) da educação contínua em prol de hábitos conscientes, cultivados dentro de casa que vão do respeito aos animais, pais, professores, pessoas mais velhas e aí, consequentemente, ao meio ambiente, aparece para salvar esse país da letargia em que se encontra, que repito, não prejudica apenas o futuro dos recursos naturais do planeta, mas também o que costumamos chamar de ser humano.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Dez anos sem solidão - por Paulo Rebêlo

Saindo do forno, crônica do querido Paulo Rebêlo!



Imagem - Reprodução

Sobrevivi a dez anos sem televisão em casa. Não foi protesto contra a qualidade da programação, muito menos um rompante intelectualóide.
Foi apenas falta de tempo e de vontade para usufruir da companhia daquela caixa barulhenta de 14 polegadas cuja antena parecia uma fábrica de bombril.

Muita gente diz que morar sozinho sem televisão é deprimente e solitário. Sempre achei uma noção curiosa, pois nada me deixa mais aliviado do que chegar em casa e ouvir apenas o ronco do motor da geladeira velha e o tilintar do gelo quando a gente derrama aquele resto de uísque ruim que nunca acaba.

Foram dez anos muito bons.

E, para minha surpresa, sem nenhuma ponta de solidão.

No início, foi difícil. A mim, a TV nunca fez muita falta de verdade. Mas sempre foi uma desculpa conveniente para as visitas. Um trunfo auxiliado pelo Corujão e pela Sessão de Gala naquelas madrugadas mais longas quando as moças não querem voltar para a casa delas.

Sem a TV de argumento, o jeito é ficar na varanda com dois copos e dois ouvidos, pois não tardava a ouvir os conflitos existenciais dessas pequenas burguesas preocupadas com o passado, o presente e o futuro.

O resultado de todo o lero-lero era sempre o mesmo, é verdade, mas pelo menos a gente se aproximava mais das pessoas, conhecia melhor os medos e frustrações, as esperanças e anseios.

Nas madrugadas sem TV, consegui escrever dezenas e dezenas de páginas sem distrações, como se não houvesse mais nada para fazer no mundo além de escrever.

Sem TV, devo ter lido mais livros velhos (e bons) do que todos os anos anteriores. E, no intervalo entre uma página aqui e outra ali, lembrava de outras pequenas burguesas que levavam nossos livros emprestados e nunca devolviam.

Não demora até a gente pegar o telefone para saber se elas estão vivas e se os livros ainda existem. E tantas vezes elas estavam apenas esperando aquela ligação no meio de uma noite enfadonha de Tela Quente ou Zorra Total.

Confesso que até tentei ler o livro do Carlos Nejar (História da Literatura Brasileira) que ganhei de presente de uma jovem fanática por literatura. Uma espécie de livro-bíblia sobre os grandes autores nacionais, desde Pero Vaz de Caminha, há 500 anos...

É o melhor remédio para insônia que já vi na vida, mas ela tinha o maior orgulho desse livro. Levei meses para ler dois ou três capítulos e devolvi quando percebi que ainda faltavam trezentas páginas (e 200 anos) para acabar a parte 1.

O que acabou mesmo foi o romance com aquela Paraguaçu albina que me achava meio burrinho por não gostar de autores clássicos como Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar, Basílio da Gama e dezenas de outros chatos de galocha.

Pois é, os dez anos se passaram e meses atrás comprei uma dessas televisões do tamanho de um elefante de circo.

Não sei se foi uma decisão acertada, pois ainda não consegui me acostumar a tantas mudanças.

Já percebi que agora a novela das oito é das nove. Inventaram também uma novela das onze, porque aparentemente havia poucas novelas na programação.

O Fantástico se tornou uma mistura de programa juvenil com manual de dieta. O Jornal Nacional virou desfile de modelo. O Faustão ficou magro, a Xuxa parou de usar minissaia e jura que virou adulta aos 50. A Angélica jura que virou jornalista.

Fico mudando de canal durante horas e todos funcionam. É meio frustrante você ter uma televisão que pega todos os canais. Bate uma saudade de toda aquela matemática para descobrir qual é o ângulo perfeito da antena de acordo com a velocidade e direção do vento que incidem sobre o bombril.

Ao chegar em casa de noite, agora a primeira coisa que faço é ligar na Globonews. O mundo pode acabar e a gente quer ver ao vivo.

Mas o mundo, que ainda não acabou, ficou bem mais solitário.

Não preciso mais ir ao bar para assistir Jô Soares ou Jornal da Globo.

Não encontro mais os papudinhos que rondam madrugada adentro pela cidade, também sem ter o que fazer, mas sempre dispostos a uma conversa e troca de ideias.

Sei que lá fora deve haver outras moças fanáticas por literatura e por filmes antigos, não sei se fanáticas por carecas barrigudos também, mas, enfim, não as encontro mais porque sempre tem uma entrevista imperdível de Geneton, um dossiê histórico ou alguma nova descoberta sobre o acasalamento dos dinossauros ou o derretimento das calotas polares no Discovery.

Em vez de ler meus livros, tomar minhas doses, escrever minhas leseiras ou telefonar para as burguesas na hora do Zorra Total, não faço mais nada disso porque estou preocupado demais com os africanos famintos, os asiáticos desalojados depois das enchentes, os americanos sem plano de saúde, os europeus desempregados, os brasileiros soterrados e os anjos decaídos. Acho até que me sinto meio culpado.

É tudo verdade, passa todo dia na TV. Desde 1950.

Dia desses, imaginei que pudesse dar fim a toda essa solidão.

Tentei jogar a televisão ladeira abaixo, mas ela é maior do que a janela e não passa. Tentei esconder dentro do armário, mas ela não cabe. Tentei virá-la para a parede, mas é pesada demais. Tentei colocar bombril, mas ela não tem antena. Tentei colocar um porta-retratos com fotos antigas da Paraguaçu albina, mas a TV é muito fina.

Chamei dois amigos para me ajudar a colocar a monstra dentro do carro num domingo desses, mas eles não podiam porque estava passando ao vivo na TV um campeonato de críquete no Sri Lanka.

Eu não sabia nem o que é diabo era críquete, tive que olhar no Google. Acho que continuo sem saber e não sei mais o que fazer.

Mas, quando descobrir, pelo menos será em alta definição.