Que tenha seu brilho e que seja feliz

Há qualquer coisa de encantamento entre a mulher e a tal da paixão que não acontece com o homem.

Quando uma mulher está apaixonada, os sentimentos de espera e de entrega reavivam a cor de seus olhos, seu corpo gesticula com a expressividade e languidez de uma bailarina em dia de estréia. Se o amor - este desconhecido que povoa e apavora mais a mente que o coração das pessoas - lhe dá as costas, suas retinas perdem o brilho instantaneamente, a palidez da alma parece enrijecer o colorido dos mais belos olhos que já ousaram perseguir sua imagem. A cor congela. A mulher que ama é possível de ser notada pelos cabelos: a aura de luminosidade parece tomar conta da figura feminina. E não precisa ser nenhuma estrela de cinema americano ou atriz global. Basta carregar no canto dos lábios aquele sorrisinho bobo que denuncia qualquer tentativa de ser feliz. Em outras épocas a gente podia fazer de conta que o casamento ou namoro era um conto de fadas, mas aí algumas cabeças brilhantes deram com a língua nos dentes e mostraram que a verdadeira liberdade consiste em reconhecer nas próprias escolhas, aquilo que determinamos como ideal de vida. Já sei, estou esquecendo de falar dos homens, então vamos lá: homem apaixonado também fica bobo, mas eles seguram o tcham. Já pensou se os amigos do futebol começam a pegar no pé porque de repente o goleirão do time passou a cantarolar Victor e Léo entre uma defesa e outra? E o pessoal do escritório, o que diria se flagrasse o sisudo e compenetrado colega repetindo apelidos infantis para a amada quando ninguém está ouvindo? Ah, o amor pede discrição, ao contrário do que muita gente pensa. Tem amor de 20, 30 anos que continua com aquele ar de romance proibido. Preste atenção no casal do apartamento ao lado que já tem netos e ainda sente que são os anfitriões da rua quando andam de braços dados...

Coisa de gente que ama, que vive intensamente a emoção do sentimento, alheios à passagem veloz do tempo que em sua natureza cruel e mesquinha, determinou a efemeridade da vida. A quem ama, portanto, que tenha seu brilho e que seja feliz!