terça-feira, 2 de setembro de 2008

A saúde está cega no PR

Hoje estive pela enésima vez na clínica onde minha mãe está cadastrada para realizar a cirurgia de catarata e novamente, apesar da delicadeza do atendimento, saí de lá indignada com nosso sistema de saúde. A cirurgia de catarata foi instituída em março de 2005 e já beneficiou milhares de brasileiros. Para realizar essas cirurgias, os gestores municipais e estaduais de saúde têm de comprovar a demanda por meio de um projeto que deve ser aprovado na Comissão Intergestores Bipartite e encaminhado ao Ministério da Saúde. Aprovado o projeto, o gestor receberá o montante de verba necessário. Em 2006, havia R$ 414 milhões disponíveis para essa área de assistência. A doença de catarata é um turvamento progressivo do cristalino, que interfere na absorção de luz que chega à retina e, conseqüentemente, perde-se a qualidade de visão, podendo levar à cegueira. As pessoas acima dos 60 anos geralmente são mais acometidas pela enfermidade. Infelizmente, por aqui a fila não anda, são centenas de idosos que já não têm perspectiva de serem operados e continuam cumprindo a rotina de telefonar, ir pessoalmente até as clínicas e hospitais para certificarem-se da provável liberação. Enviei um email para a ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná para obter maiores detalhes a respeito da morosidade da cirurgia. Liberam as consultas, mas na hora de resolver o problema através da intervenção cirúrgica, a coisa não funciona. O que causa revolta, são os números absurdos de dinheiro que circulam através de campanhas políticas nessa época, de desvios deflagrados do montante público, enquanto nossos idosos, já tão castigados pelo tempo e pelo sistema ÚNICO de saúde, são submetidos ao descaso e à incompetência de quem um dia, irá conhecer as deficiências da idade. No aguardo da resposta da SESA.

6 comentários:

  1. Soraia, aceite minha solidariedade para com o assunto apontado.
    Realmente dramático. Há alguma maneira de comprovar se é aí em Cascavel que estaria ocorrendo o problema? Digo, em nível municipal?

    Zé do Coco

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  2. Pois é, Zé... Pelo que pude apurar, no resto do país a situação não é muito diferente. Fortaleza, no CE, também há fila para a cirurgia. Antes de expor aqui no blog detalhes no que se refere ao PR, estou aguardando notícias da Secretaria Estadual de Saúde. Caso não se pronunciem, vou mandar chumbo grosso. Esse descaso não vou engolir, não!

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  3. Mas é claro que não vai engolir. Nem deve. Existem muitos barnabés folgados envolvidos nessa história e políticos inescrupulosos torcendo pelo pior.
    Bom, nada que você não saiba até melhor do que eu.

    Zé do Coco

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  4. Lamentável e vergonhoso.

    Recentemente, uma pessoa por demais próxima e querida por mim, descobriu um grave problema de saúde. Em um período de um mês e meio, diagnosticou o problema, submeteu-se a uma interminável bateria de exames (laboratoriais, imagens etc.) e, finalmente, à intervenção cirúrgica. Teve um pós-operatório no hospital de dez dias, com cuidados e observação a toda hora. Após esse período, submeteu-se a uma nova bateria de exames, um período de duas semanas entre realização e resultados. Fiquei a pensar: e se dependêssemos da rede pública de saúde? Considerando a tecnologia avançada de alguns exames, talvez estivéssemos até agora aguardando apenas para realizar o exame que diagnosticou precisamente a patologia. Concluí, com isso, que o número assustador dos efeitos de algumas doenças, sempre baseados nos casos práticos, não tem como única razão a origem e a natureza da moléstia. Explico: considerando que o grande número dos casos práticos são originários dos hospitais públicos – atentem-se para os hospitais-escola-residência -, é natural que as doenças graves lidam com o FATOR TEMPO, compreendendo o diagnóstico e a terapia adequada. Sem perder de vista, ademais, a qualidade da unidade hospitalar, bem como a competência e, sobretudo, a ATENÇÃO dos profissionais envolvidos (médico particular e médico da rede pública, por ex.). Desta feita, é natural que uma doença quando descoberta inicialmente, com tratamento adequado, próximo, eficaz e TEMPESTIVO, a chance de cura é infinitamente superior, especialmente nas doenças mais graves, cuja expansão no corpo humano é bem mais célere. Não sou profissional da saúde, mas cheguei a essa conclusão razoável, penso eu, a partir da lógica. E, ao comentar com uma pessoa da área, confirmou meu raciocínio.

    Sem nenhuma demagogia, é muito triste saber que muitas pessoas com sérios problemas de saúde estão à mercê do sistema público de saúde. Enquanto isso, vagabundos e irresponsáveis torram o erário. Melhor encerrar aqui.

    A.

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  5. Pois é... 43 dias depois, tive uma resposta da Secretaria da Saúde. Hoje, 15/10/08, recebi um telefonema da sra Lenira da 10ª Regional da Saúde, para obter maiores informações sobre o caso de minha mãe. Está devidamente informada a 10ª Regional da Saúde. Aguardemos os próximos capítulos da novela da saúde no Brasil.

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  6. Próximo capítulo, caro A....
    Hoje informaram-me que o SUS liberou cerca de 50 cirurgias para o mês de outubro e outras tantas para o próximo mês. O pessoal da clínica não entendeu como, pois, segundo as enfermeiras, nesta época do ano não há liberação. O fato é que depois que pressionei a Secretaria Estadual de Saúde, os telefones de casa começaram a tocar. Um querendo jogar a responsabilidade sobre o outro. A conversa final foi com o pessoal da 10ª Regional de Saúde. Enfim, as pessoas que estão na fila de espera para serem operadas, terão um natal diferente este ano. Fico feliz que possam recuperar a visão e a saúde ocular antes que termine o ano. Esta foi uma excelente notícia de quarta-feira.

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