segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Os olhos de Mariana - por Eduardo Lara Resende

Imagem - Patric Teixeira

"Os olhos de Mariana são como poucos: eles dizem tudo, bem explicado, sem esconder nada.
Debruçada à janela, em atitude de observação atenta, a dona dos olhos se deixa ver em preto e branco, estática. Cotovelo no peitoril, a mão esquerda no queixo apóia a cabeça. Ela e seu par de olhos que dizem tudo.
À distância, não percebo detalhes dos olhos reveladores de Mariana. Mas o que sai deles é a certeza de quem espreita a vida, como se emitisse muxoxo conformado por ela não ser exatamente o que se sonhava. Daqui onde a vejo, ela me observa. "Se quiser saber quem sou / não me julgue / não me analise / não me preconceba / apenas olhe nos meus olhos".
Apesar de tudo, há confiança no olhar de Mariana. Seus olhos não calam, não negam. Não traem. Como tantos olhos fugidios, que vagueiam para não encontrar outros como os de Mariana.
Não preciso saber quem ela é. Além de conhecer-lhe a mãe, seus olhos e sua poesia me contam dessa moça que ama os amores, os amigos e a vida. Seu olhar vai pelo tempo, passa pelo satélite, percorre circuitos e chega ao meu monitor. Adverte-me sobre a possibilidade de, olhando bem lá no fundo, encontrar "...uma sombra de melancolia / uma sensação de solidão e até uma fina tristeza".
Dizem também de água, os olhos de Mariana.
Seus olhos dizem tudo."
** Eduardo Lara Resende é jornalista e ghost writer. Outros textos do autor podem ser acessados através do Blog Pretextos-elr

Um comentário:

  1. Só quem pôde um dia ver seu próprio filho surgindo das entranhas da mãe e começar a sondar o mundo a seu redor e reconhecer nas pessoas aquelas vozes que lhe falavam do lado de fora do útero da mamãe para entender o que o autor menciona. Até hoje, meu filho, que tantas vezes carreguei nos braços e cantarolei para ele dormir, consegue com seu olhar e seu sorriso me tocar lá no fundo da alma.
    Se sou coruja? Ô...

    Rodrigues

    P.S.: Soraia, e quando a gente olha para outras crianças, não bate a mesma emoção de antes? Não nos sentimos um pouquinho parte do universo daquele petiz? Ah, como sentimos...

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