quarta-feira, 18 de março de 2009

O exemplo que vem de cima - por Soraia David

Há alguns meses, por ocasião de uma entrevista na TV Araçá, falava sobre a carência que a sociedade tem da figura paternalista que muitos buscam em seu representante político, seja na Câmara de Vereadores, Congresso Nacional, no Executivo ou ainda no Judiciário. Temos a necessidade de nos sentir protegidos, ao alcance das mãos ou tentáculos da Justiça, da garantia de nossos direitos enquanto parte integrante do sistema político que legisla, governa e decide em nossos nomes. Daí a tese de que no fundo, esperamos encontrar na figura do vereador que elegemos, do deputado, senador, prefeito, governador ou presidente, essa segurança, esse porto seguro onde ancoramos nossas esperanças, decepções e exigências, tal qual filho que se vê afoito pela ação do pai, na expectativa da resolução de seus problemas. Representantes políticos são, metaforicamente, pais portanto. Pais de cidadãos de 0 a 100 anos que depositaram em seus mandatos muito mais que um simples voto de confiança - ainda que equivocado. Ora, e o que faz um pai, segundo educadores e psicólogos, para que seus filhos se desenvolvam de maneira saudável, com a definição do caráter adequado a qualquer sociedade civilizada? Dá exemplos. Pratica cotidianamente o que chamamos de ética, teoria contida nos livros e artigos de jornais. Coloca seriedade e comprometimento em cada ação destinada ao coletivo. Não se vende nem vende seu futuro político. Expurga todo e qualquer sentimento egoísta em nome da maioria - a população - e eis aí o mais bonito e real exemplo que se pode dar a uma sociedade inteira, carente de proteção e dignidade: o mero cumprimento de seu trabalho, sem desvios, sem desequilíbrios; nada mais do que isso. O episódio ocorrido na Câmara de Vereadores na terça-feira, 17, envolvendo os representantes políticos - eleitos por cidadãos cascavelenses - Marcos Rios (PSDB/PR) e Nelsinho Padovani (PMDB/PR) não pode se transformar em charge ou ser objeto de piada. O tempo, dinheiro e aparato que existem para o trabalho sério que requer o cargo de vereador não podem ser ameaçados por atitudes tresloucadas, inconsequentes e que apontam para o descrédito da população em seus vereadores. E que essa população exija a devida seriedade, o obrigatório cumprimento e o exemplo que deve nortear o trabalho dos 15 vereadores que hoje ocupam uma cadeira na Casa Legislativa de Cascavel. Menos que isso, não serve, afinal, o exemplo vem de cima.

9 comentários:

  1. Bastante oportuna esta postagem, Soraia. Trazer ao nosso conhecimento o que rola nas rinhas de galo da vida é um serviço de utilidade pública, do mesmo tipo da dragagem de rios e desassoreamento de canais e reprocessamento de esgoto.
    Exatamente porque esse exemplo não vem de cima é que a sociedade hoje está esfacelada, dividida. Não é muito difícil se imaginar de que ambientes saíram esses tais "representantes do povo". O cidadão, o indivíduo, busca meios para preservar sua integridade moral e física, mesmo porque os "pais da pátria" são candidatos ao bando de Fernandinho Beira Mar e não representantes dos interesses do povo, do País, da Nação.
    E, pelo que vejo, em nível municipal a coisa descamba para o ridículo, com dois imbecis travestidos de vereadores, pelo que penso que, se ainda há seriedade dentro da Casa do Povo, esses dois sejam expurgados e vão promover pugilato lá no meio do pasto.
    Os cidadãos, não apenas de Cascavel, como do resto do País, estão a merecer um pouco de respeito por parte desses edis que foram eleitos para cuidar de assuntos sérios.
    Que a Casa os puna com a expulsão. É o mínimo que o povo de Cascavel merece. Que eles vão à Mitra Diocesana reclamar com o bispo.

    Zé do Coco

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  2. Soraia, mais um adendo: algumas pessoas estão confundindo ética com é-titica.

    Zé do Coco

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  3. É Soraia se fosse ouvida a voz do povo, já estaria em vigor o ponto nevralgico da questão, um lista de pré requisitos para poder ser candidato a representar o povo, no mínimo o que nossos legisladores deveriam ter é uma formação adequada, se não familiar pelo menos acadêmica. Seriam debates entre grandes grande cabeças pensantes e não de guri pra guri, como se diz nas ruas do Rio Grande amado...

    Grande Abraço
    Micheline

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  4. É com muita alegria que vejo a participação de Micheline no blog. Obrigada pelo prestigiamento, menina! Bjs!

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  5. Pois é amiga Soraia. E eu já ouvi muitas vezes desabafos como: "Que justiça é essa"!!! Realmente, eu que o diga: Que justiça é essa!!! Eu costumo explicar para os meus clientes mais humildes, menos informados, que não somos nós advogados, juízes e promotores que fazemos ou não fazemos justiça. Nós apenas aplicamos a lei. Lei essa que é elaborada, aprovada, feita e refeita pelos legisladores que nós mesmos colocamos lá. E aí quando nos deparamos com uma cena dessas, eu me me recordo: Foi "isso" que eu coloquei lá!!! "Homens" que fazem o que fizeram, elaboram e aprovam as leis que nós vamos usar para acusar ou defender pessoas. Ou no caso dos vereadores, para proteger o bem comum da coletividade. Pessoas capazes. Ledo engano, mais uma vez.

    Marlene C. Linares - Advogada.

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  6. Dra. Marlene, a expressão que usou "clientes mais humildes, menos informados" talvez nem se aplique. Vejo muita gente de quem se deveria esperar maior carga de informação dizer besteira sobre o papel dos poderes da administração pública. No fundo a imensa maioria não sabe para que serve o Legislativo e o Judiciário. A maioria tampouco sabe o que faz o Lula lá no Planalto, nem sabem qual é o verdadeiro papel de um presidente da República e a que poder corresponde o cargo que ele ocupa.
    Já vi mesmo durante o período militar pessoas que questionavam o tempo sobre a validade de disciplinas que haviam sido recém-reimplantadas pelos militares, como OSPB - Organisação Social e Política Brasileira e EMC - Educação Moral e Cívica.
    Chamavam aqueles cursos de lavagem cerebral. Não é por acaso que hoje nos encontramos, sob este aspecto da informação, mais alienados do que antes do regime militar. As pessoas, pensando que boicotavam o regime, estavam boicotando a si mesmas, seu futuro como cidadãos. O mal foi tanto que os civis, assim que assumiram o poder, criaram uma constituição que é uma verdadeira colcha de retalhos que torna o País inadministrável.

    Zé do Coco

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  7. onde se lê "questionavam o tempo", leia-se "questionavam o tempo todo"

    Zé do Coco

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  8. Uma vergonha a briga desses dois dentro da Câmara. Vi as imagens pela tv e só mostra a imaturidade para exercer cargos políticos. Eu não votei em nenhum dos dois, então, estou com a consciência tranqüila! E que Cascavel ACORDE de uma vez por todas e comece a eleger gente inteligente, preparada que pense MESMO no município!

    Fernanda - Centro

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  9. Soraia, a Fernanda deu o tom correto da crítica que merecem esses dois "ilustres" cidadãos: imaturidade.
    Falta O POVO se capacitar de que esse tipo de gente não merece voto.

    Zé do Coco

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