quarta-feira, 13 de maio de 2009

A ação que faz a diferença

Coisa difícil essa de falar sobre a mulher. Se você enaltece suas conquistas, é salpicada por comentários hostis que apontam para sua alienação quanto às agruras vividas pelas mulheres num passado recente ou das meninas do Nordeste que são escravizadas pelo mercado do sexo e das drogas. Se refutar a idéia de apoio à determinada bandeira feminina, alegando que a legislação brasileira torna iguais – neste momento segure o riso – homens e mulheres, imediatamente as vozes do Apocalipse comandadas por amazonas e guerreiras nórdicas a calarão, em prosa, verso e ditirambo narrando as conquistas e benesses merecidas do sexo frágil que não foge à luta. Por falar nisso, onde Rita Lee estava com a cabeça quando escreveu essa canção? Como não provoque? Provoque sim, já dizia em texto anterior e reitero a afirmação. Provoque, pois as lágrimas de indignação e injustiça um dia serão substituídas pelo brilho da superação. Não é possível que nos quatro cantos do mundo não existam almas boas que estejam - no exato momento em que você faz esta leitura – auxiliando as incontáveis mulheres que sofrem toda a sorte de humilhações e dores por conta de culturas incompreensíveis ou por pura maldade mesmo. Tudo bem, mas onde entra a mulher que acorda às 4, 5 horas da manhã, que deixa os filhos sozinhos em casa – sai rezando e intimando todos os anjos e santos para que cuidem de seus rebentos – enquanto pega a velha bicicleta para ir ao trabalho (isto porque precisa economizar o vale-transporte). Eu conheço estas heroínas. Dou nome a elas. São Marias, Isabéis, Julietas e Carmens que sem nem ao menos saber, dignificam o chamado sexo frágil e colocam no chinelo muito marmanjo que gasta o palavreado para eleger-se e não têm um terço da bravura e força destas mulheres. O que quero dizer com este rodeio todo, é que essa conversa de que os representantes políticos que elegemos são a nossa cara, é papo-furado. Cara-pálida, só se for! Estou aguardando a votação na Câmara de Cascavel do PL 086/2009 que trata da criação do Conselho Municipal da Mulher, de autoria do vereador peemedebista Julio César Leme da Silva. Na última sessão, foi retirado de pauta, segundo seu autor, para uma análise mais aprofundada por órgãos ligados às questões femininas. A previsão é para que a matéria retorne ao plenário para apreciação dos vereadores no prazo máximo de três semanas. Estarei lá e gostaria de ver naquela Casa, as mulheres que pensam, trabalham, preocupam-se e contribuem com seu trabalho diário na construção de Cascavel. Apurar dados, informações, fiscalizar as diversas pastas por onde tramitam decisões que estão diretamente ligadas ao cotidiano feminino quer me parecer urgente demais para ser prorrogado para uma outra oportunidade. E sabe por qual motivo devemos assumir a responsabilidade de acompanhar tal discussão de muito perto? Porque se perguntar a qualquer mulher qual é seu sonho, certamente ela irá incluir mais pessoas nele. É intrínseco, estão íntima e irremediavelmente ligados à alma feminina a generosidade, a abnegação, o cuidado e o desvelo. Nada mais justo que elas – as mulheres – participem, portanto de tal processo! Não há vereadoras naquela Casa, mas há ELEITORAS! Que estas tomem para si a responsabilidade de lutar pelo que acreditam e merecem, ou vamos esperar que Análias, Teresas, Ernestinas, Anitas ou Olgas ressuscitem e o façam por nós?

Um comentário:

  1. Como eu vejo a coisa toda: alguém pode até rir, mas particularmente acredito no direito essencial de as mulheres serem tratadas com dignidade e respeito. No que estiver em meu alcance, nenhuma mulher será alvo de sofrimento, chacota, abuso, insulto ou coisa que o valha. Não poderemos nunca dizer que somos a obra-prima da criação, se as mulheres não puderem usufruir das mesmas vantagens que a civilização possa proporcionar.
    Em suas diferenças intrínsecas, cada sexo tenha seu lugar no esquema das coisas, é isso que tenho defendido a minha vida inteira. Que cada qual faça a sua parte a fim de evitar que as mulheres sofram por injustiças indescritíveis.

    Rodrigues

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