domingo, 7 de junho de 2009

A qualidade da educação - por Hi Kyung Ann

Há algum tempo li uma nota sobre o tempo de permanência dos alunos na escola, dando conta que uma deputada tinha sugerido diminuir esse tempo. Pareceu-me que a proposta tinha passado na Câmara. Cheguei a achar que tinha lido ou interpretado de forma errada e deixei pra lá, mas hoje acho que li certo e interpretei certo. Foi uma pena que tenha ficado omissa. No último fim de semana li sobre mais um absurdo relacionado à educação, mais especificamente sobre o espaço mínimo que deveria ser destinado ao professor (4,5 metros) e ao aluno (1,2 metro). Sempre pensei que o nível de ensino dependesse primeiramente do berço e depois da qualidade dos professores.

Sou uma brasileira naturalizada há mais de 30 anos. Quando ingressei na escola fundamental na Coréia, meus pais me disseram que o professor tem de ser respeitado, pois ele é fundamental para complementar o aprendizado que iniciamos dentro de casa, com a família. Na minha classe éramos 95 crianças de 6 e 7 anos que ainda limpávamos ranho do nariz com a manga da camisa ou da blusa. Minha professora era uma senhora de uns 30 anos, cujo nome lembro até hoje. Ela nunca usou microfone para dar aulas, e jamais precisou gritar. Aliás, minha escola só usava microfone no pátio quando reunia 5.000 alunos para algum evento.
Se alguém faltasse à escola, com certeza no fim da tarde a professora batia na porta da casa do aluno faltoso com a lição do dia. Isto é, em vez de a professora ir para casa no fim do dia descansar, ela ia passar a lição para o aluno que faltou para evitar provável prejuízo que ele poderia ter.
Isso leva a concluir que a falta de aulas era muito rara na minha época de criança em meu país de origem, e questão de conscientização dos valores que os pais passavam aos seus filhos. Naquela época os pais faziam de tudo para mandar regularmente os filhos à escola, e ao final do ano aqueles que não tinham faltas eram premiados junto com suas mães.
Fico imaginando de que tamanho deveria ser a nossa sala se o espaço fosse tão importante para a qualidade das aulas. Penso que espaço deve ser suficiente, mas não tão matemático, pois se isso fosse tão importante, só as pessoas que moram nas mansões seriam felizes e teriam qualidade de vida ideal. Sabemos que as pessoas mais felizes moram nos lares onde há diálogo, respeito, amor e boa administração, embora sem mesa farta, e não nas mansões onde se come filé, camarão ou lagosta.
Cada um devia cuidar do que sabe fazer: os educadores da educação, os políticos da política e assim por diante. Se assim fosse, com certeza teríamos uma sociedade mais harmoniosa, sem demagogia e sem idéias tão polêmicas e mirabolantes só para usar em palanque na eleição seguinte.
A autora é médica e reside em Cascavel, PR.

4 comentários:

  1. Hi, vi umas palavras no seu comentário que não conhecia: o que é filé? camarão? lagosta?
    E mais: que negócio é esse de mansão?

    Rodriguesf

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  2. Rodrigues, se você fosse politico nem precisaria comprar e ganharia tudo que foram citados. São coisas que a gente mastiga e engole, em gente que não está acostumado pode provocar diarreia ou ficar cego só de olhar. Mansão é uma casa bem graaaaaaaaaaaaaaande, xiki e que dá emprego para muita gente enquanto dura reinado...hehehehe

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  3. Quem havera de dizê, né? Então, Hi, de mansão, de coisa boa pra comer e dar diarréia eu não morro.
    Moro numa tapera, um ranchinho beira-chão que só não é coberto de sapé porque aqui não temos esses luxos não.
    Minha comida é o pirão com restos de galinha e um arroz com quiabo, quando tem arroz e/ou quiabo. Se facilitar, calango que passar perto vira fritada sem ter tempo de chorar.
    Pra acompanhar, só um copo de limão-rosa colhido no quintal (quando é época). Aliás, dizem os entendidos que limão que é limão é só o tal siciliano. Esse é que do ponto de vista científico pode ser chamado de LIMÃO. O resto - taiti, galego, rosa, cravo - é tudo laranja. Quer dizer, estamos fazendo a caipirinha com LARANJA-TAITI e LARANJA-GALEGA e pensando que aquilo é a tal caipirinha com limão.
    Mas, do que a gente estava falando mesmo, Hi? Eu perdi o fio da meada no que comecei a sonhar com caipirinha.
    Já namorei moça caipira, comi frango caipira, vomitei o frango e comi a caipira que não reclamou nem tugiu nem mugiu nem cacarejou...
    Outra hora, quando for pra falar de luxê, eu volto. Se a Soraia não botar a gente pra correr aqui do blog...

    Rodrigues

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  4. Só corro quando sinto cheiro de frango (ou semelhante) tenho pavor do cheiro de bicho que tem penas.
    Mas no andar de carruagem, acho que vamos ser expulsos do Blog da SS, hehehehehehe
    Dai agente volta, somos persistentes que nem Paulo Maluf no cenario politico, sempre presente.
    hehehehehe

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