quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ser deficiente não é ser diferente - por Tiago Menon

Somos neutros sob o olhar de alguns homens dito normais.
Somos como tais, deficientes por um erro da natureza ou por algumas circunstâncias da vida, mas não somos aberrações feitas por Deus. Somos vidas cheia de vontade de viver, dividir, sonhar, pôr em prática os nossos sonhos e ainda dizer: "O sonho não acaba por aqui". Ah! Por que será que as pessoas nos olham sempre diferente, sempre têm algo para nos dizer, bom ou ruim. Se perguntarmos para uma pessoa que nos olha, ela sempre sorri e nos devolve o olhar com cara de quem está com deboche ou pena e responde: "Não senhor, não é nada não, só estava olhando..." Então, muitos de nós com tom repreensivo na voz replicamos: "Algum problema senhor?"...
Em muitas circunstâncias não há necessidade de palavras para podermos entender. Se mandarmos um currículo para uma empresa com todo os requisitos, provavelmente dias depois seremos chamados para a entrevista. Mas o problema maior ocorre com a entrevista. É possível que a pessoa seja cadeirante e então logo vem a desculpa do gerente de que a vaga já foi preenchida, sem querer falar que devido à sua condição, não pode ocupar o cargo ou executar certos tipos de tarefas. Ou ainda é dito "Nossa, eu não sabia que você era cadeirante!" Não adianta responder que informamos na ficha, tão pouca importância terá... "Ah, mas devo ter olhado com pressa, bem senhor, eu queria lhe dizer que nós estamos precisando sim de uma pessoa deficiente para trabalhar, mas essa pessoa não pode ter deficiência motora..." Esse mesmo gerente com um simples cumprimento de "boa sorte" nos dispensa. Então vamos tristes pela rua, desiludidos por não ter sido aquele o momento que esperávamos... Quando deparamos com algumas crianças entre 8 a 12 anos, que não possuem informações e orientações sobre deficientes, nos olham com deboche, com aqueles sorrisos de meninos sapecas, desobedientes, falando inocentemente com suas mães, "Olha mãe, veja aquele aleijado em uma cadeira de rodas!" (Meu Deus, por que todos nos olham como se fôssemos seres de outro planeta, e não seres humanos? Muitas vezes esquecem que temos corações sensíveis e sentimentos como eles. Lutamos tanto por um espaço na sociedade, mas... Qual o valor de tudo isto? Lutamos contra os preconceitos, mas isso só basta? Não, falta muito ainda. Queremos igualdade pela capacidade que cada um de nós possuímos, pelos nossos esforços, estudo e trabalho. Podemos falar também daquelas pessoas que ficam perguntando o tipo de deficiência que temos, sem perceberem que às vezes estão ferindo ou mesmo trazendo à tona, algo que gostaríamos de esquecer. Para estas pessoas, um conselho: coloquem-se em nossos lugares e analisem antes a situação. O ideal seria não comentar sobre o assunto, a não ser que possam trazer algo de útil ou que acrescentasse. Em muitos casos e situações, as pessoas tentam esquecer as causas que provocaram tais deficiências, que na maioria das vezes, são tristes, traumáticas e até revoltantes.
Tiago Menon é publicitário e mora em Cascavel.

10 comentários:

  1. Chiste, diz:

    "O melhor de ser diferente é aceiar as diferenças".

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  2. O rapaz aí que me desculpe, eu não estou na pele dele,não posso avaliar sua visão e vivência do problema. Mas não convém ser injusto com crianças de 6 - 7 - 8 - 9 - 10 anos pela forma como se expressam. As crianças são apenas reflexo do ambiente em que são criadas, há que se perdoá-las irrestritamente. Eu sempre digo, quando vejo uma criança com comportamento antissocial, que os culpados são os adultos.
    Por trás de toda criança-problema há um adulto ou uma penca deles precisando ser lobotomizados ou submetidos a choque elétrico para ver se recuperam alguma coisa de racional que tanto atribuem a seres humanos.
    NÓS ADULTOS é que temos de ser submetidos ao crivo e não as crianças.
    Eu costumo observar por longas horas as crianças em seus folguedos. Vejo que, longe do contato com a maioria dos adultos, desenvolvem uma maior capacidade de tolerância para com deficiências alheias.
    No convívio com outras crianças, lembro-me muito bem, o fato de eu ter um grau de surdez bastante severo nunca foi obstáculo a nosso mútuo entendimento. Lembro-me muito bem do que uma das mães disse a um de seus filhos em voz bem alta quando eu brincava com uma porção de crianças: não chegue muito perto daquele moleque porque ele é surdo (?).
    Como a opção de uma criança naquele tempo era levar uma chinelada ou obedecer a uma mãe neurótica, não é preciso muito esforço para saber qual atitude a outra criança adotava.
    Não conheço a deficiência apontada pelo moço aí, mas entendo de deficiência e de adultos imbecilizados por preconceitos e falta de convívio com seres humanos.

    Rodrigues

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  3. Eu concordo com ele, ser diferente é realmente normal, não há ser humano que não tenha diferenças, ninguém é sem por cento perfeito, ninguém é bom ou melhor em tudo. Existem pessoas que são deficientes que fazem trabalhos projetos que os nossos e nos devemos aceitar essas diferenças nada de ter preconceito.

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  4. Isto está realmente certo, é possível ser diferente e viver nessa nossa sociedade tão preconceituosa, mas que ao mesmo tempo abre espaços para pessoas ditas diferentes. Pois, a mim elas são normais tem sonhos, desejos, gostam de musica de se divertir assim como eu e não admito que pessoas que pensam ser normais criticá-las ou mesmo excluídas da sociedade, porque no final das contas existem várias coisas que eles fazem muito melhor que nós.

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  5. Olá Tiago!
    Trabalho em uma escola especial, sei que tudo o que você passa é tão difícil, a sociedade não está pronta pra lidar e viver com as diferenças.
    Tenho uma filha de 3 anos e meio, sempre ensino pra ela que não devemos falr de outras pessoas reparando-as, porque criança realmente fala mesmo, mas sempre digo a ela que Deus nos ama e Ele nos fez exatamente como Ele quis, e que Ele nos ama como somos. Com todas as nossas diferenças somos exatamente iguais e especiais para DEUS!
    Enfim você é especial, não por sua deficiencia mas porque Deus nos fez especiais!!!

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  6. Quando se faz a fusão de um terço de racismo, com a mesma porção de discriminação e ainda somando-se a isto mais um terço de indiferença com o próximo, obtém-se a fórmula infalível do maior câncer sofrido pela humanidade.

    Menina Pri...

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  7. Boa noite !!!

    Pessoal peço ajuda aos demais Portadores de Necessidades Especiais (PNE) , que apoie os DEFICIENTES AUDITIVOS UNILATERAIS , como eram tutelados pelo Decreto nº 3.298/99 , art. 4º , II e " c " ; " d " ; " e " ; " f " . O art. 5º § 1º ,I , " b " do Decreto nº 5.296/04 , desqualificou os DEFICIENTES AUDITIVOS UNILATERAIS , só considerando os DEFICIENTES AUDITIVOS BILATERAIS . Isso feriu os direitos adquiridos conforme art. 5º , XXXVI da Constituição Federal e art. 6º , § 2º da LICC (Lei de Introdução ao Código Civil) . Não bastando , feriram o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana . Hoje foi os Deficientes Auditivos Unilaterais e amanhã ? Tudo por culpa do CONADE em sua Resolução nº 17 / 2003 .

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  8. Ola Thiago
    Sou deficiente física, moro em São Paulo e sou formada em Administração de Empresas sou Bancária. Hoje posso me orgulhar de morar em São Paulo , essa cidade está evoluindo a cada dia na inclusão social. Por isso venho através deste comentário pedir que você, como cidadão e eleitor procure o prefeito da sua cidade para que ele faça as devidas adapatações nela, e que desenvolva e ponha em pratica os projetos de Lei para os deficientes físicos trabalhar e estudar.
    Um grande beijo e caso queira me contatar anote meu msn que é: ozelia_2006@hotmail.com
    Feliz Pascoa, Bom Feriado a todos.

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  9. Um beijo a todos que postaram aqui no ano passado - Norma, Rodrigues, Danielle, menina Pri e Ozelia... Esperamos que a acessibilidade se estenda em todo o todo o território urbano das cidades e que o preconceito que ainda ronda a mente de muita gente e empresariado, seja extirpado, como todas as coisas ruins.
    Boa semana!

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  10. As palavras exatas e, por vezes, fortes do autor Tiago Menon podem assustar, à primeira vista, aquelas pessoas ditas “normais”... Não a mim. Será que, então, sou um “ser de outro planeta”? (risos)
    Erro da natureza ou circunstancias da vida... Fato é que aqui estamos e, como qualquer outro ser humano, temos o nosso lugar no mundo, na sociedade e somos dignos de RESPEITO.
    Costumo dizer que, as pessoas, bem ou mau, sempre vão falar das outras... Então, que tenham um bom motivo!
    Nossas deficiências são visíveis e, por isso, causam certa surpresa na maioria das pessoas. Mas isso não é justificativa para que nos vejam como mártires de uma sociedade despreparada e desinformada, em que as pessoas se preocupam tanto com o próprio “umbigo” que são incapazes de olhar para o lado, para o próximo.
    Ideal seria se fossemos todos tratados com igualdade, dentro das nossas desigualdades... Ainda que em passos lentos, o mundo vem caminhando para isso (talvez esta seja uma boa noticia!).
    Como dito pelo Tiago, “o sonho não acaba por aqui”...
    Meu nome é OTIMISMO, o sobrenome é Thaise... Virei fã de carteirinha do Sr. Menon!

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