terça-feira, 1 de setembro de 2009

Patologia coletiva

Já que estamos falando de programação de televisão, seguindo os parâmetros da psicanálise o que vemos hoje nas guerra pela audiência resulta em patologia coletiva. Ou alguém aposta em produção de cultura quando sintonizamos os canais abertos com seu leque de programação diária? Na década de 30, Sigmund Freud escreveu "O mal-estar da cultura", onde traduzia a transferência que fazemos para as artes/civilização, de nossas frustrações - e até onde o senso comum opina, "A interpretação dos sonhos", datada de 1900 fazia tal ponte entre as mesmas frustrações em relação aos sonhos - aí entramos de cabeça na produção maciça de programas que podem ser taxados de qualquer coisa, menos de culturais. Mexendo mais e caprichando na salada de frutas agora: o homem tenta qualquer coisa para escapar do sentimento de angústia e solidão, então se depara com a necessidade constante de construir ideologias heróicas, salvadoras (podemos recorrer aos sonhos também, não?) - mas há os programas de TV, reality shows que nos oferecem a ilusão a preços módicos e em suaves prestações de que há um mundo fantástico, onde os desejos humanos podem ser transformados em realidade! Duvida? Assista aos programas de domingo - verdadeiros ringues dominicais - e irá se deparar com a dona Maria chorando diante da casa nova (era TUDO o que ela queria e precisava na VIDA); com as celebridades do momento desfilando as comodidades e desafios que afiam seus egos e ofuscam ainda mais nosso senso opaco de seres anônimos, relegados a terceiro plano pela mídia - esse monstro fantástico que em tese, produz CULTURA. Só pode ser piada. Quando tiver oportunidade, desligue a TV e vá ler um livro, ou trocar impressões da vida com alguém. Acredite. Vale a pena e sua saúde agradece.

Um comentário:

  1. Aquele velho costume de as famílias se visitarem e todos de frente um para o outro trocando ideias numa sala, tendo num dos cantos uma lareira, parece ter sumido. Principalmente, até pelo fato de vivermos num país de clima quente na quase totalidade de seu território, o acender o fogo e conversarmos à luz das chamas parece ter sido sepultado de vez. Hoje temos ainda outra situação: a televisão é para onde se focalizam as atenções, as pessoas não se olham mais nos olhos.
    E ninguém sequer cogita de ir à casa do vizinho para conversar, porque com toda a certeza vai encontrá-lo entretido com aquele aparelho de onde se mostra o caminho das Índias e os indefectíveis mascates que gritam para uma plateia clonada e movida a iougurte: quem quer dinheiro?
    Aqui no Sul ainda mantemos certos costumes que a moderna medicina desaconselha, como por exemplo a cuia de chimarrão passando de um para outro e todos sugando o mate através daquela mesma bombinha. Parece que as bacterias aprenderam também o caminho das Índias...

    Rodrigues

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